Eterno Recomeço


Eu parti de um lugar onde minha casta é baixa
Fui para norte, sul e ocidente
Dancei na neve insensível
Sem nunca abaixar a cabeça
Também dancei no deserto
Só com sede de alegria

Fui pra todo lado porque não me deixaram ficar em lugar algum
No fundo acabei me acostumando com essa vida nômade
Mas quando deixam fico ali no meu canto
No mesmo canto que lamento a falta de humanidade dos que se dizem humanos

Sofri em silêncio o que outros povos sofrem
Mas não culpo os do presente pelo erro de seus antepassados.
Quem tem de cobrar isso é Deus.

Minha existência incomoda quem não me conhece
E encanta outros que pensam que minha vida é fácil.

É triste ver gente que não conhece minha cultura transformar minhas roupas em fantasia
Meu povo é vasto, diverso, alegre, mágico, misterioso e pacífico.
E graças a Deus ainda temos quem nos defenda e nos mostre como realmente somos

Imagino todos nós falando a língua que melhor falamos
A língua da alegria

Pensando bem, acho que vou realizar um sonho agora
Vou ver meu povo reunido, dançando uma música do mundo não cigano.
Sim! Curtimos a música alegre do mundo inteiro, pois estamos no mundo inteiro, somos o mundo inteiro.

Somos ciganos!!!
(Companhia de Dança Cigana Al-Andalus)


Texto referente à finalização da apresentação da Companhia de Dança Cigana Al-Andalus no I Festival de Economia Solidária de Volta Redonda em 11/11/2017.

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